A fidelidade e o efeito Baraque

Home / Ministrações de Célula / A fidelidade e o efeito Baraque

“Mas os filhos de Israel tornaram a fazer o que era mau aos olhos do Senhor, depois da morte de Eúde. E o Senhor os vendeu na mão de Jabim, rei de Canaã, que reinava em Hazor; o chefe do seu exército era Sisera, o qual habitava em Harosete dos Gentios. Então os filhos de Israel clamaram ao Senhor, porquanto Jabim tinha novecentos carros de ferro, e por vinte anos oprimia cruelmente os filhos de Israel. Ora, Débora, profetisa, mulher de Lapidote, julgava a Israel naquele tempo. Ela se assentava debaixo da palmeira de Débora, entre Rama e Betel, na região montanhosa de Efraim; e os filhos de Israel subiam a ter com ela para julgamento. Mandou ela chamar a Baraque, filho de Abinoão, de Quedes-Naftali, e disse-lhe: Porventura o Senhor Deus de Israel não te ordena, dizendo: Vai, e atrai gente ao monte Tabor, e toma contigo dez mil homens dos filhos de Naftali e dos filhos de Zebulom; e atrairei a ti, para o ribeiro de Quisom, Sisera, chefe do exército de Jabim; juntamente com os seus carros e com as suas tropas, e to entregarei na mão? Disse-lhe Baraque: Se fores comigo, irei; porem se não fores, não irei. Respondeu ela: Certamente irei contigo; porém não será tua a honra desta expedição, pois a mão de uma mulher o Senhor venderá a Sisera. Levantou-se, pois, Debora, e foi com Baraque a Quedes.” (Juízes 4.1-9) Na Galeria dos Heróis da Fe o autor de Hebreus nos 1 I diz: “E que mais direi? Pois me faltara o tempo, se eu contar de Gideão, de Baraque, de Sansão, de Jefté, de Davi, de Samuel e dos profetas” (Hebreus 11.32). O nome de Baraque aparece como libertador de fé e o de Debora não aparece. Mais uma vez parece ser injusto, pois a própria Débora reivindica a honra da conquista no verso 9 de Juízes 4. Entretanto não se pode falar da conquista de Baraque (capítulos 4 e 5 de Juízes) sem falar na determinação de Débora. Chama a atenção o fato de que Débora tem sido conhecida por muitos como mulher de intercessão, pois é ela quern vê o sofrimento do povo de Deus, ainda que este estivesse sofrendo as consequências de haver tornado “a fazer o que era mau aos olhos do Senhor”. Podemos, hermenêutica e tranquilamente, atribuir a Debora a figura da Igreja. Mulher sabia, profetisa atenta ao clamor do povo sem Deus. Mulher sabia, que convoca homens, no sentido amplo da palavra, para lutar contra os inimigos que se levantam contra os sonhos de Deus para os Seus filhos. Quem se interessar em ler os capítulos 4 e 5 de Juízes verá uma história trágica de guerra em que duas mulheres se desafiam a vencerem os seus limites para derrotar os inimigos da vida. Débora, a profetisa, e Jael, mulher de Héber (Juízes 4.16.22). Sabemos que não é fácil entender por que fatos tão drásticos aparecem na Bíblia, pois hoje seria inconcebível que uma mulher fosse tão violenta, mesmo com um inimigo, a ponto de matá-lo com uma estaca cavada na cabeça. Neste sentido, e indispensável que tenhamos a compreensão de alguns fatores: 1 – A banalidade da violência Numa guerra física, a morte e a desvalorização da vida se tornam coisas corriqueiras, por isso somos contra toda e qualquer espécie de guerra física contra pessoas. De fato, o nosso ministério é o da restauração, da libertação, da salvação, da vida abundante, da cura e da reconciliação, jamais envolvendo destruição e morte. 2- A luta contra o inimigo certo Uma guerra física pode despertar o pior que há em cada pessoa, por isso não lutamos contra a carne e o sangue, não lutamos contra as pessoas, lutamos contra o espírito maligno que opera nas pessoas e as faz serem violentas e despertar a violência defensiva, que também é nociva: “(…) pois não é contra carne e sangue que temos que lutar, mas sim contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes do mundo destas trevas, contra as hostes espirituais da iniquidade nas regiões celestes.” (Efésios 6.12) 3- Proteção aos mais hostilizados Mesmo uma mulher dócil, quando esta se sentindo ameaçada pode ter reações agressivas, por isso devemos inibir e nos indignar contra toda espécie de maus tratos as pessoas em geral e principalmente aos idosos, as mulheres e crianças como seres humanos, ainda injustiçados, que são totalmente dignos do respeito e da proteção de todos. Mas, e quanto a Baraque, nosso herói, listado na Galeria de Heróis da Fé, o que se pode aprender com ele? (a) Baraque foi humilde o suficiente para ouvir a voz profética de Débora. Isso era incomum e difícil. Se hoje ainda há homens machistas que desprezam as intercessões e conselhos sábios das respectivas esposas, imaginemos naquele tempo remoto e cheio de violência. Baraque, apesar de ser um homem valente e um guerreiro, respeitou a unção que estava sobre a juíza e profetisa Débora. Se nos colocarmos no lugar de Baraque devemos entender que a Igreja, a Noiva do Cordeiro, nos convoca a todos para lutarmos pela libertação da nossa nação e das nações da terra. Se nos colocamos, como Igreja, no lugar de Débora, não podemos calar a nossa voz. Devemos convocar homens e mulheres para derrotar os inimigos das vidas e do bem estar de todos que foram criados por Deus. (b) Baraque se manteve sob a proteção e cobertura espiritual de Débora. Baraque foi sábio e claro ao dizer: “Se fores comigo, irei; porem se nao fores, não irei”. Ele sabia que não poderia entrar numa batalha contra principados e potestades espirituais, operando em pessoas, sem que tivesse a benção e a proteção da voz profética. Hoje a voz profética vem através da Igreja, composta por homens e mulheres sensíveis ao Espírito Santo, que nos leva a clamar e avançar contra o pecado que destrói as vidas e as famílias. Só haverá vitória espiritual e prosperidade real em nossas vidas se nos mantivermos inseridos no Corpo de Cristo, que é a Igreja. É debaixo da cobertura e da proteção desta Igreja de Jesus, materializada na pessoa de Débora, que seremos vitoriosos em todas as batalhas. (c) Baraque lutou, mas a honra foi dada a quem o convocou e o protegeu espiritualmente. Esta percepção espiritual de Baraque o credenciou a ser listado como herói espiritual. Só pode honrar quem é honrado. Por ser urn homem de honra, ele foi a batalha, obteve a vitória, mas deixou claro que reconhecia que a honra seria de Débora, que representa a Igreja. Quando as pessoas são egoístas, mesquinhas ou imaturas, elas sempre reclamam a honra para si. Quando as pessoas são tratadas e curadas na alma e no espírito, elas saberão canalizar a honra para sua igreja, sua cobertura espiritual e seus líderes envolvidos na batalha. No capítulo 5 de Juízes, Baraque e Débora cantam juntos a vitória sobre os inimigos. Seu canto não é individualista, pois cita as diversas participações, e no Corpo de Cristo, assim como num exército, a vitória é da equipe, do ser corporativo que nos caracteriza. (d) Baraque soube trabalhar a unidade no grupo, ainda que ele nao fosse o unico líder. Mesmo liderado por uma mulher, sendo ajudado por outra, o grande general trabalha na unidade da equipe e a ela atribui o sucesso da missão. Ele reconhece alegremente com Débora que foi a unidade do propósito e o espírito voluntário que os levou a vitória com o projeto de Deus. Ele sabe que só o Deus de Israel é capaz de unir os corações dos homens. Veja o seu cântico: “Porquanto os chefes se puseram a frente em Israel, porquanto o povo se ofereceu voluntariamente, louvai ao Senhor.” (Juízes 5.2) Há pessoas que só conseguem trabalhar se eles forem os mais honrados, reconhecidos ou se estiverem na liderança. Se outros estiverem liderando, eles não se empenham, não participam, fazem “corpo mole” ou chegam mesmo a “sabotar” para que o trabalho do líder ou do conservo não seja contado na história ou cantado na celebração e reconhecido pela congregação. Deus nos ajude, a todos, a sermos como Baraque e trabalharmos para que o sucesso do nosso líder, conservo ou discípulo seja o nosso sucesso e nos inspire alegria para celebrarmos. (e) Baraque reconhece que o verdadeiro responsável pela vitória e o Deus de Israel. “Ouvi, ó reis; daí ouvidos, ó príncipes! Eu cantarei ao Senhor, salmodiarei ao Senhor Deus de Israel” (Juízes 5.3). A Igreja só será vitoriosa se o Deus de Israel for louvado e adorado com atitudes de conquista de vidas (João 4.23-30). “Confia no Senhor de todo o teu coração, e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas. Não sejas sábio a teus próprios olhos; teme ao Senhor e aparta-te do mal. Isso será saúde para a tua came; e refrigério para os teus ossos. Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda; assim se encherão de fartura os teus celeiros, e trasbordarão de mosto os teus lagares.” (Provérbios 3.5-10) Conclusão: Lideres ou liderados, todos só desfrutarão da alegria da celebração do êxito em qualquer projeto quando ouvirem a sabedoria de Baraque e Débora, dita e repetida pela Palavra do Espirito de Deus: “Porquanto os chefes se puseram à frente em Israel, porquanto o povo se ofereceu voluntariamente, louvai ao Senhor.” (Juízes 5.2)