A Fidelidade e a Coragem

Home / Ministrações de Célula / A Fidelidade e a Coragem

“Os quais por meio da fé… fecharam a boca dos leões.” (Hebreus 11.33d)

Ser “jogado aos leões” é uma expressão que traz, em nossa cultura popular, um significado misto: ser injustiçado e ser abandonado, ao mesmo tempo, por quem deveria dar proteção. A referência do autor da Carta (Epístola) aos Hebreus, ao fato de que a nossa fé é capaz de fechar a boca dos leões, muito provavelmente é uma menção ao conhecido episódio em que o profeta Daniel é jogado aos leões por ordem do rei Dario, da Babilônia, mas consegue o livramento sobrenatural de Deus. A história de Daniel e relatada no livro que traz seu nome, no capitulo 6. O rei da Babilônia, Belsazar, afronta Deus e cai (ver cap. 5). Em seu lugar, Dario assume e integra o império Medo-Persa. Na ampliação e constituição do seu governo, Dario recebe a influência de Daniel, um profeta político, ainda que fosse também um escravo na Babilônia. Esta talvez seja uma das maiores lições deste texto. Nem sempre seremos livres das situações indesejáveis, mas, mesmo nelas, Deus pode nos fazer prosperar, quando escolhemos andar na fidelidade. Observemos que Daniel é escravo em terra estranha, mas era um assessor privilegiado no reino que o escravizava. Nele havia o Espírito de Sabedoria e isso sempre atrai a atenção dos poderosos. Dario pretende implantar 120 governadores (dez equipes de 12) e pretende levantar, dentre eles, três, para lidera-los. Mas o que provoca a maior perseguição a Daniel é que o rei Dario pretende colocar Daniel no comando sobre todos.

Isso atrai a inveja de todos os palacianos; afinal como é possível um escravo reinar sobre os senhores da terra? Eles tentam corromper Daniel proibindo-o de orar ao Senhor, o Deus de Israel (Daniel 6.7).

E induzem o rei Dario a assinar um decreto que compromete a vida de Daniel. Mesmo sabendo disso, Daniel ora de janelas abertas para Jerusalém, na visão profética, já revelada, de que prosperam os que amam Jerusalém – pois ela é o símbolo da própria Igreja, o Corpo de Cristo, e profetiza a volta do Messias (Daniel 6.10; Salmo 122.6-9; Apocalipse 21.9-10).

O rei, que gosta de Daniel, tenta salva-lo, mas os perseguidores de Daniel lembram ao rei que a sua palavra não pode voltar atrás (Daniel 6.14-15).

O rei Dario não pode fazer nada por Daniel a não ser ficar tentado a crer no Deus de Daniel, no sentido de livramento sobrenatural, porque os recursos humanos estavam esgotados. Muitas vezes, por mais que queiram, os nossos amigos, familiares, políticos, cientistas, não conseguirão nos fazer superar as crises.

A nossa humanidade, por mais bem intencionada que seja, sempre encontrara os seus limites. Assim, Daniel e literalmente jogado aos leões pelo próprio rei que gostava dele e o queria proteger (Daniel 6.16-18).

Por mais que desejem, nem sempre as pessoas que buscam o nosso bem conseguirão nos proteger. Há níveis de proteção que precisam vir direto do trono da graça de Deus. E isso aconteceu a Daniel. Ele foi protegido pelo Rei dos reis e por Aquele que pode fechar a boca dos leões, ao contemplar a nossa fidelidade gerada pela nossa fé. Deus contemplou a fé e a coragem de Daniel, na sua fidelidade, e enviou Seu anjo para operar o sobrenatural impossível para os homens, por mais podero¬sos que sejam (Daniel 6.19-23). Podemos aprender que a fé trabalha junto com a justiça. A fé precisa ser acompanhada das obras de coragem, iniciativa, justiça, fide¬lidade, retidão e de sabedoria. Se Daniel só tivesse fé, mas fosse desleal, medroso e injusto, ele não contaria com o favor de Deus, nem mesmo com a simpatia do rei Dario. Uma das mais belas virtudes de Daniel, além da sua coragem e fé no Deus de Israel, foi a sua compreensão quanto a limitação do rei Dario. Este confessou a sua incapacidade de livrar Daniel do perigo no dia após ordenar que fosse lançado na cova dos leões:

Chegando-se a cova, chamou por Daniel com voz triste; e disse o rei a Daniel: 6 Daniel, servo do Deus vivo, dar-se-ia o caso que o teu Deus, a quem tu continuamente serves, tenha podido livrar-te dos leões? (Daniel 6.20)

O rei estava ansioso, talvez não tivesse conseguido nem dormir direito; o texto (verso 19) afirma que ele “se levantou ao romper do dia, e foi com pressa a cova dos leões”. O que eu e você responderíamos a um rei que nos colocou na cova com leões? Como estaríamos emocionalmente? Que disposição teríamos para ser gentis e abençoar o rei? A resposta de Daniel foi de benção:

O rei, vive para sempre. O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca dos leões, e eles não me fizeram mal algum; porque foi achada em mim inocência diante dele; e também diante de ti, ó rei, não tenho cometido delito algum. (Daniel 6.21-22)

O rei se alegra com a resposta e com a vitória de Daniel e lança os seus acusadores aos leões, os quais, antes mesmo de chegarem ao piso da cova são devorados (Daniel 6.23-24).

Conclusão: A coragem de Daniel em expressar livremente a sua fé não trouxe apenas a bênção do testemunho, mas trouxe também a prosperidade que foi além do reinado de Dario. A fé, a fidelidade e a coragem terão sempre a recompensa de Deus:

Então o rei Dario escreveu a todos os povos, nações e línguas que moram em toda a terra: Paz vos seja multiplicada. Com isto faço um decreto, pelo qual em todo o domínio do meu reino os homens tremam e temam perante o Deus de Daniel; porque ele é o Deus vivo, e permanece para sem¬pre; e o seu reino nunca será destruído; o seu domínio durara até o fim. Ele livra e salva, e opera sinais e maravilhas no céu e na terra; foi ele quern livrou Daniel do poder dos leões. Este Daniel, pois, prosperou no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa. (Daniel 6.25-28)